Variação de pressão em sistema de distribuição de água : impactos na micromedição e faturamento
Resumo
A redução de pressão dos sistemas de abastecimento é, em muitos casos, uma das estratégias mais utilizadas para minimizar o impacto das perdas de água em consequência dos vazamentos. Porém, na maioria dos casos, não é avaliado o impacto na eficiência metrológica dos hidrômetros mecânicos velocimétricos, o que por vezes incorre na perda da capacidade de medição dos hidrômetros e consequente impacto nos indicadores de perdas e no faturamento das companhias. A presente pesquisa tem como objetivo correlacionar a contabilização do consumo dos clientes residências, com a variação de pressão disponível nas redes de distribuição e desta forma, avaliar se o comportamento da pressão (aumento ou redução), tem influência na capacidade de medição dos hidrômetros mecânicos velocimétricos unijatos de vazão nominal 0,75 m³/h, sendo estes modelos amplamente utilizados pelas concessionárias de água, autarquias, departamentos e demais operadores de sistemas de abastecimento de água, em virtude do atrativo custo de aquisição e instalação. A partir desse contexto, foram selecionados dois Distritos de Medição e Controle (DMC) de abastecimentos de uma cidade do nordeste brasileiro, no estado de Alagoas, sendo estes denominados como DMC 1 e DMC 2. O DMC 1 possui 808 ligações e o DMC 2 possui 1001 ligações. A escolha dos setores se deu por conta da considerável diferença de pressão de trabalho entre ambos, e ao mesmo tempo por possuírem similaridade tanto no que se refere ao parque de hidrômetros, quanto nas características dos clientes, sendo estes com maior parcela residencial, o que possibilitou estabelecer uma correlação assertiva entre a pressão disponibilizada em cada DMC e o registro do consumo realizado pelos hidrômetros observados. O DMC 1 apresenta pressão na saída da Válvula de Redução de Pressão (VRP) de 25 mca e consumo médio por ligação de 19m³/mês, enquanto o DMC 2 opera 15 mca na saída da VRP e consumo médio por ligação de 13m³/mês. Ambos os setores não apresentam diferença significativa de cota, e possuem características bastante semelhantes no que se refere as malhas de rede e demais ativos instalados, de maneira que as pressões de trabalho no interior dos setores mantêm a escala de diferença de pressão das saídas das VRP’S. Estudos que foram realizados no laboratório demonstraram relevante perda metrológica quando comparados os comportamentos dos hidrômetros, tendo sido estes submetidos as pressões de trabalho variando entre 5 mca e 20 mca. Foram feitos escalonamentos crescentes das pressões em laboratório, e o mesmo comportamento de ganho na performance metrológica, foi observado a medida em que as pressões de trabalho eram aumentadas. Tal evento também se manifestou quando analisadas as ligações de cada distrito de medição e controle, onde o setor que apresenta maior pressão de trabalho, também apresentou maior consumo médio contabilizado por cada ligação.
Também foi observado significativa diferença de faturamento entre as ligações observadas nos dois Distritos de Medição e Controle, onde as ligações do DMC 1 que possui maior pressão de trabalho apresentaram faturamento 49% superior, quando comparado com as ligações do DMC 2 que opera com a menor pressão de tralho.