Sistematização do acolhimento e classificação de risco à demanda espontânea dos serviços de saúde bucal na atenção primária à saúde : uma experiência no interior paulista
Resumo
Os serviços de saúde bucal devem possibilitar acolhimento ao usuário e garantir acesso a eles, de maneira organizada e humanizada. A organização do atendimento através da utilização de uma classificação de risco está alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde. Nas Unidades Básicas de Saúde evidencia-se a alta demanda de usuários com queixas odontológicas agudas e crônicas, com número de vagas insuficiente à demanda espontânea. Esta pesquisa, de caráter descritivo, aplicada e abordagem de análise mista, objetivou avaliar a utilização de um instrumento de acolhimento e classificação de risco para atendimento à demanda espontânea dos serviços de saúde bucal na atenção primária à saúde no município de Ribeirão Preto, sob a perspectiva da equipe odontológica. Participaram uma auxiliar de saúde bucal e um cirurgião-dentista por unidade de saúde, abrangendo duas unidades localizadas em distritos de saúde distintos, além dos usuários que buscaram esses serviços espontaneamente, no período da coleta de dados. O estudo foi desenvolvido em três etapas. Na Etapa I foi aplicado um instrumento para coletar e registrar informações dos usuários, classificando os casos em urgentes e programáveis. O instrumento pautou-se na literatura, indicações do Ministério da Saúde (agravos) e na prática cotidiana; constituindo-se da caracterização do usuário, sua queixa principal e um roteiro com uma escala de classificação das urgências odontológicas, apontando os principais agravos, em 4 níveis de prioridade, divididas por cores: vermelho, amarelo, verde e azul; além do registro da conduta e assinatura da profissional. Na Etapa II, após 30 dias de uso do instrumento, aplicou-se um questionário com perguntas abertas, aos profissionais participantes, para compreender suas percepções sobre o uso do instrumento; e na Etapa III, os dados foram analisados quantitativa e qualitativamente. Os resultados mostraram que o instrumento é eficaz na organização do fluxo de pacientes, melhorando a eficiência do atendimento e permitindo a identificação mais precisa das necessidades dos usuários. A aceitação do instrumento pela equipe odontológica foi positiva, destacando-se a imprescindibilidade de ferramentas que promovam a melhoria do acesso e a humanização no atendimento à demanda espontânea dos serviços de saúde bucal na atenção primária à saúde. Salienta-se que se trata de estudo piloto em duas UBS’s do município de Ribeirão Preto, o que entendemos ser limitação para generalizar estes resultados em outras realidades. Sugerem-se pesquisas futuras visando fortalecer o sistema de saúde bucal na atenção primária, buscando atendimento mais eficiente, equitativo e humanizado à população, por profissionais da área que participem de processos de educação permanente em saúde.
Palavra-chave
Acolhimento nos serviços de saúdeCirurgiões-dentistas
Sistema Único de Saúde (Brasil)
Cuidados primários de saúde