| dc.description.abstract | Trichophyton rubrum (T. rubrum) é o agente causador mais frequente de dermatomicoses superficiais em todo o mundo. Apesar da crescente incidência de infecções fúngicas, há um número reduzido de drogas no mercado e seus alvos são limitados em virtude das semelhanças compartilhadas entre células fúngicas e de mamíferos. A síntese do ergosterol é um alvo explorado pelos antifúngicos atuais, mas há registros de linhagens resistentes a essas drogas. Além disso, a via metabólica do ciclo do glioxilato vem despertando interesse, para ser explorado como alvo antifúngico, devido sua exclusividade em células fúngicas. Os produtos naturais de diferentes origens, representam uma nova fonte para a descoberta de antifúngicos mais eficazes e menos tóxicos. Desta forma, este trabalho avaliou o potencial antifúngico de compostos naturais com possível atuação sobre estas vias metabólicas, como a licochalcona, apigenina, ácido cafeico e ácido itacônico contra T. rubrum. Posteriormente, o modo de ação dos compostos que apresentaram potencial atividade antifúngica foi avaliado por meio de ensaios moleculares, celulares e bioquímicos. A susceptibilidade de T. rubrum aos compostos naturais antifúngicos foi realizada através do ensaio de determinação da concentração inibitória mínima (CIM). Os resultados demonstraram que a licochalcona e o ácido cafeico foram os compostos mais ativos contra T. rubrum apresentando CIM de 11,52 µM e 86,59 µM, respectivamente. O ácido itacônico e apigenina não apresentaram atividade antifúngica (CIM = > 3943,19 e 1850,20 µM respectivamente), enquanto que o ácido 3- nitropropiônico apresentou moderada atividade antifúngica com CIM de 2379,36 µM. A licochalcona apresentou atividade fungistática com valor de concentração fungicida mínima (CFM) 23,04 µM e o ácido cafeico apresentou atividade fungicida com CFM de 86,59 µM. A fim de avaliar os danos causados pelos compostos na membrana celular foi realizado o ensaio de regeneração de protoplastos de T. rubrum, sendo que o ácido cafeico inibiu totalmente a regeneração e a licochalcona não causou nenhuma inibição de regeneração. Além disso, a quantificação do conteúdo de ergosterol mostrou que o ácido cafeico também se destacou, reduzindo 36,24%, enquanto o composto licochalcona reduziu somente 2,63%. Ademais, o ácido cafeico apresentou moderada citotoxicidade comparada ao MIC, com valor de IC50=110,52 µM em células de queratinócitos humanos (HaCat). O co-cultivo de T. rubrum em células HaCat expostas à concentrações sub-inibitórias de ácido cafeico mostrou que o composto afeta o desenvolvimento das hifas, que se apresentaram escassas e fragmentadas, enquanto que pequenas alterações como o não desenvolvimento de forma contínua e a fragmentação das hifas, foram observadas para o composto licochalcona. Experimentos de PCR quantitativa mostraram a indução de genes envolvidos no ciclo do glioxilato, síntese do ergosterol e parede celular durante a interação de T. rubrum com células de queratinócitos humanos HaCat, sugerindo a relevância desses genes para a virulência de T. rubrum. Após o tratamento com as drogas ácido cafeico e licochalcona, estes mesmos genes foram reprimidos, demonstrando a interferência dessas drogas com esses alvos. Dessa forma, os resultados revelam que o ácido cafeico apresentou expressiva atividade antifúngica contra T. rubrum, e moderada citotoxidade para células HaCat. Este composto parece atuar sobre a membrana celular, inibindo totalmente a regeneração de protoplastos, além de modular negativamente genes que codificam alvos potenciais envolvidos com sobrevivência e virulência de dermatófitos como a síntese de ergosterol, parede celular e ciclo do glioxilato. | pt_BR |
