Prazer e sofrimento no trabalho: um estudo com enfermeiros(as) da atenção primária do município de Formiga/MG
Resumo
Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa permitiu entrar em contato com o universo de significações construídas pelo(a)s participantes, que neste caso referem-se ao universo dos sentidos atribuídos pelos/as enfermeiros/as, que atuam na atenção primária do município de Formiga/MG, às experiências de sofrimento e prazer experenciadas por eles/elas no cotidiano do seu trabalho. Nessa direção, a pesquisa teve como objetivo compreender como as situações causadoras de prazer e sofrimento no trabalho se vinculam aos modos como esses/essas profissionais expressam suas subjetividades no contexto do espaço socio-ocupacional em que estão inseridos/as. A amostra constituiu-se de 17 enfermeiros/as que atuam como gestores nas Unidades de Estratégia da Família do município de Formiga/MG. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, e para apreciação das informações foi utilizada a análise de conteúdo. O estudo permitiu que se estabelecesse contato com as subjetividades dos/as enfermeiros/as que atuam na atenção primária do município de Formiga/MG, o que viabilizou a compreensão das mediações, que no cotidiano do trabalho, promovem a articulação entre as experiências geradoras de prazer e sofrimento. Dentre as mediações, que tornam o enfrentamento do sofrimento uma experiência possível, e que também viabilizam a sua articulação com as experiências responsáveis pela produção de prazer, duas se destacaram: as relações interpessoais que os/as enfermeiros/as estabelecem com os membros das suas equipes, que funcionam como uma espécie de fator protetivo contra a precarização do trabalho, e o Programa de Educação Permanente (PEP) criado por eles/elas. Entende-se que a segunda pode apresentar-se como um fator potencializador da primeira, pois permite que a categoria dos/as enfermeiros/as que atuam na atenção primária do município de Formiga/MG, se organize enquanto coletivo, funcionando, ao mesmo tempo, como um instrumento psicológico e político. Ao traduzir-se como instrumento político, recomenda-se que o PEP seja evidenciado como tal, pois o seu fortalecimento pode resultar na materialização das ações que levariam, finalmente, à consolidação das estratégias de Educação Permanente em Saúde no município de Formiga/MG. Recomenda-se novos estudos envolvendo a temática, especialmente na atenção primária, pois constata-se escassez de pesquisas na área.