O manejo terapêutico no processo de luto de familiares de vítimas do COVID-19 na perspectiva de profissionais do CAPS de um município do interior de Rondônia
Resumo
O luto não deve ser caracterizado como uma enfermidade, mas sim, como um processo. Muitas vezes, na tentativa de encurtar a vivência desse processo, o luto é negligenciado e pode culminar num sofrimento ainda maior. Com o advento da pandemia por COVID-19 trazendo as mortes em massa e o luto inesperado a vivência deste processo ficou ainda mais difícil e, muitas vezes, desassistido. Considerando que o cuidado com a saúde envolve a assistência integral ao indivíduo (Bio, Psico, Socio, Eco, Espiritual) inserido nos diferentes momentos do processo de saúde e doença (prevenção, promoção, tratamento e reabilitação), a pandemia gerou a necessidade de uma abordagem multiprofissional direcionada aos enlutados da COVID-19 junto ao Centro de Atenção Psicossocial - CAPS II. Sendo assim, este estudo teve como objetivo compreender como ocorreu o manejo terapêutico dos profissionais de saúde do CAPS II frente à procura dos enlutados por COVID-19. Para tanto, a escolha metodológica foi por uma abordagem qualitativa, especificamente pela pesquisa exploratória e descritiva. O estudo aconteceu no período de Janeiro a Maio de 2023, a amostra utilizada nesta pesquisa foi intencional e constituída por quatro profissionais das diferentes áreas de atuação no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II. Para a coleta dos dados foi utilizado um instrumento metodológico, constituído por um roteiro de entrevista semiestruturada composto por questões norteadoras que possibilitaram maior flexibilidade das respostas. Os dados coletados foram analisados qualitativamente utilizando-se o método de análise de conteúdo e a técnica de categorização das respostas proposto por Bardin. A categoria de análise observada na pesquisa foi: “Terapêutica ao enlutado”, e a partir desta categoria foi possível obter duas subcategorias para análise, denominadas: Terapêutica e Proposta. Como resultado da pesquisa, conclui-se que na época mais ativa da pandemia do COVID-19, não houve uma terapêutica exclusiva voltada para usuários familiares que padeciam em luto por perda de um ente querido pelo COVID 19, porém a procura existiu e esses familiares foram acolhidos e direcionados a outros órgãos. Notou-se o interesse por parte dos profissionais em um intermédio ou até mesmo um suporte extra entre a atenção básica de saúde e o CAPS. Essa constatação evidencia a importância da implantação do Ambulatório de Saúde Mental no Município.
Palavra-chave
Luto - Aspectos psicológicosProfissionais - Serviços de promoção de saúde
COVID19 (Doença)
Saúde mental