Avaliação da geometria do canal radicular e da espessura dentinária de incisivos inferiores com com dois canais após preparo com sistema reciprocante
Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar, por meio de microCT, as alterações da geometria dos canais radiculares e da espessura de dentina radicular em incisivos inferiores com dois canais, após preparo biomecânico com instrumentos reciprocantes R-Motion com uso sequenciado ou único. Para isso, 18 incisivos inferiores tipo III de Vertucci, verificada por escaneamento em microtomógrafo, foram selecionados. Os dentes foram distribuídos de acordo com preparo biomecânico com sistema reciprocante R-Motion (n=9): Grupo Sequenciado (S) com uso do instrumento 25/.06 seguido do 30/.04 e Grupo Único (U) usando apenas instrumento 30/.04. A patência dos canais foi realizada com instrumento R-Motion Glider 15/.03. Após cada etapa do preparo biomecânico, os espécimes foram submetidos a novo exame microtomográfico. Foram avaliadas as alterações de parâmetros bidimensionais (área, perímetro, circularidade, diâmetro maior e menor), tridimensionais (volume, área de superfície e Índice de Convexidade Tridimensional - SMI), transporte e porcentagem de paredes do canal não preparadas (PNP). Os dados bidimensionais e de transporte foram avaliados nos 3 milímetros apicais e na divisão dos canais no terço médio. Para a dentina foi avaliada a espessura das paredes proximais no terço médio. Ademais, foram obtidos modelos tridimensionais dos canais radiculares e da dentina codificada por cores de acordo com a espessura da sua estrutura tridimensional antes e após o
preparo. Os dados foram submetidos à análise estatística para comparação intragrupos e intergrupos com nível de significância de 5%. Para o canal radicular, de maneira geral, o preparo biomecânico aumentou os parâmetros avaliados tanto no terço apical como na divisão dos canais no terço médio. No terço médio, menores aumentos de área e diâmetro menor foram encontrados no grupo U comparado tanto ao preparo com instrumento 25 como 30 no grupo S no canal lingual (p<0,05). Maior aumento de volume dos canais foi observado no grupo S com instrumento 30 comparado ao grupo U (p<0,05) e não houve diferença estatística entre os grupos para os aumentos de área de superfície e SMI (p>0,05). O percentual de PNP foi estatisticamente semelhante após o uso dos instrumentos 25 (27,76 ± 11,86) e 30 (27,75 ± 21,43) no grupo S comparado ao grupo U (24,56 ± 11,35) (p>0,05). Não houve diferença do transporte no terço apical entre os protocolos avaliados (p>0,05) e, no terço médio, maiores valores foram encontrados no grupo U comparado com o preparo pelo instrumento 25 no grupo S no canal vestibular (p<0,05). Para a dentina, houve maior redução de espessura quando o instrumento 30 foi utilizado no grupo S comparado ao grupo U (p<0,05). Os modelos tridimensionais codificados por cores mostraram redução de espessura nas regiões proximais das raízes, independente do protocolo de preparo biomecânico, sendo mais evidente após preparo com instrumento 30 no grupo S. Concluiu-se que o preparo com sistema reciprocante R Motion de forma sequenciada ou única alteram de forma similar a geometria do canal radicular de incisivos inferiores com dois canais, sendo que o preparo sequenciado promove maior redução da espessura de dentina nas paredes proximais.